segunda-feira, 30 de julho de 2012

A Deus Demos Glória - História e Hino

Hinário Adventista do Sétimo Dia Nr. 016 - (ver Fanny Crosby)

Letra: Fanny Jane Crosby (1820-1915)

Título Original: To God Be the Glory

Música: William Howard Doane (1832-1915)

Texto Bíblico: Dêem graças ao Senhor pela sua benignidade, e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens! Ofereçam sacrifícios de louvor, e relatem as suas obras com regozijo! (Salmo 107:21 e 22)

“Exultai! Exultai! Vinde todos louvar

A Jesus, Salvador, a Jesus Redentor.

A Deus demos Glória, porquanto do céu

Seu Filho bendito por nós todos deu! ”

Há palavras de louvor mais conhecidas ou mais amadas do que estas em nossas igrejas? Dar glória a Deus deve ser o maior desejo de cada crente e de cada igreja. Como diz Hebreus 2. 12: ”Anunciarei o teu nome a meus irmãos, cantar-te-ei louvores no meio da congregação”. Devemos estar sempre prontos a louvá-lo por ter-nos enviado o nosso Salvador. Devemos sempre ser aptos a reconhecer a mão de Deus, que nos abençoa em tudo que procuramos fazer para ele em nossas igrejas. Johann Sebastian Bach teve toda a razão quando declarou: ”O alvo e razão de existência para toda a música deve ser nada menos que a glória de Deus”. Glorifiquemos a Deus com este maravilhoso hino de louvor.

A prolífica poetisa Fanny Crosby escreveu este hino. Difere da maior parte dos seus hinos por expressar o louvor mais objetivo, e não o típico testemunho ou a experiência pessoal característico da sua época.

Fanny Crosby nasceu no condado de Putnam, Estado de Nova Iorque, em 24 de março de 1820. Seus pais, fazendeiros pobres, eram puritanos dedicados, descendentes dos fundadores da Colónia da Baia de Massachusetts e membros da igreja presbiteriana. Por causa de um tratamento errado duma inflamação dos seus olhos, Fanny ficou praticamente cega com seis semanas de idade, podendo perceber somente uma luz brilhante. Em novembro daquele ano seu pai, John Crosby, morreu. Por necessidade, sua mãe. Mercy, foi trabalhar numa fazenda vizinha, deixando Fanny aos bons cuidados da sua avó, Eunice. Para outra pessoa, ser cega poderia ser o fim, mas não para Fanny. Sua avó decidiu ser seus olhos. Dedicando-se de corpo e alma ao bem da sua neta, ensinou-a muitas coisas que fariam dela uma menina independente e alegre. Dela Fanny aprendeu a arte da descrição: dos pássaros, do pôr do sol, cujas cores ela podia às vezes perceber vagamente, e das flores.

Dela Fanny aprendeu a amar e decorar a Palavra, a orar, a se unir com os crentes na Igreja e cantar, o que Fanny amava demais, decorando os Salmos com grande rapidez. Ainda criança, Fanny, quando desanimada pela cegueira, perguntou a Deus se, mesmo cega, poderia ser uma filha dele. Testemunhou, mais tarde, que ouviu a voz de Deus dizendo a ela; “não se desanime, menina. Um dia você será muito feliz e operosa mesmo na cegueira”.

A tradução literal duma poesia escrita por ela aos oito anos mostra sua personalidade:

Então pode chorar e soluçar porque sou cega

Oh, que menina contente sou eu,

Apesar de não poder ver,

Pois decidida estou que

Neste mundo alegre serei!

Quantas bênçãos recebo eu

Então pode chorar e soluçar porque sou cega

Porque isso não farei!

Este poema foi profético, pois Fanny Crosby seria, em toda a sua vida, caracterizada pela alegria.

Com a idade de 15 anos, Fanny entrou no Instituto Para Cegos, em Nova Iorque , com excelente aproveitamento. Continuou no seu hábito de escrever poesia, muitas vezes solicitada a suprir a letra para músicas que lhe eram entregues. Além de tocar violão, que aprendera quando criança, tornou-se cantora concertista, pianista talentosa e proficiente e aprendeu o órgão e a harpa. Ao se formar, tornou-se professora da instituição.

Em 1850, depois de passar alguns meses considerando se ela era realmente salva, num camp meeting ao som do hino Por Meus Pecados Padeceu de Watts, Fanny recebeu a certeza de sua salvação. ”Minha alma inundou-se com a luz celestial”, testificaria depois. Levantou-se exclamou: "Aleluia! Aleluia!" Entregando sua vida totalmente a Cristo, ela disse: ”Pela primeira vez entendi que estava procurando segurar o mundo em uma mão e o Senhor na outra”.

Fanny começou a suprir letras para canções e cantatas do destacado compositor George F. Root. Obtiveram muito sucesso. Mas o compositor que usou a vida de Fanny foi Willian B. Bradbury. Procurando quem escrevesse letras para seus hinos e ouvindo da capacidade de Fanny, procurou-a. “Fanny”, disse ele, “dou graças a Deus que nós nos encontramos, porque acho que você pode escrever hinos”. A seu pedido, Fanny escreveu um hino e lho deu. Bradbury estava entusiasmado, e ali começou uma parceria que continuaria até a morte dele. “Parecia que a grande obra da minha vida começara”, escreveu a poetisa que continuaria a escrever, dando ao mundo mais de 9.000 hinos!

Aos 38 anos, Fanny casou-se com Alexander Van Alstyne, músico cego, conhecido como um dos melhores organistas em Nova Iorque. Homem bonito, jovial e muito apreciado, empregou-se em várias igrejas como organista e ensinava órgão para sustentar a família. Tiveram um filhinho, mas esse morreu na infância.

Poucos souberam sobre ele: ”Van” compôs melodias para alguns dos textos de Fanny, mas não perduraram. Um hinário que os dois prepararam não foi aceito pela editora, porque, disseram, não queriam um hinário somente de duas pessoas.

Nos anos que seguiram, Fanny continuaria a escrever letras para hinos dos mais conhecidos hinistas. Chegou a usar 204 pseudônimos! Nunca fez questão de remuneração adequada. Morava em lares muito simples, vivia modestamente e dava muito do que recebia aos outros. Não se gabava na sua fama. Conheceu mais de um Presidente do seu País. Foi a primeira mulher a falar diante do Senado dos Estados Unidos. Pregava nos púlpitos de grandes igrejas e fez conferências em muitos lugares. À sua própria maneira, tornou-se um dos evangelistas mais proficientes da sua época. Amava o trabalho das missões como o Exército de Salvação, Associação de Moços Cristãos, e a famosa Bowery, que trabalhavam com os alcoólatras e necessitados. Cooperava nestes trabalhos, dando muito de si.

Embora fosse mulher muito pequenina, parecia ter energia ilimitada. Mulher de oração, nunca escrevia um hino sem ter orado, pedindo a direção de Deus. Gostava das horas da noite para comunhão com seu Senhor. Possuindo uma memória extraordinária, conhecia muitos livros da Bíblia de cor. Nunca gostou de usar o Braile, e decorava seus textos, ditando até quarenta deles de uma só vez à pessoa que consentisse em escrevê-los. Compôs músicas de grande beleza, mas se recusou a publicá-las. Publicou cinco volumes de poesias. Escreveu o libretto de um oratório.

Uma vez, questionada como podia escrever tantos hinos, Fanny comentou:

“Que alguns dos meus hinos foram ditados pelo Espírito Santo, não tenho nenhuma dúvida; e que outros foram o resultado de profunda meditação, sei que é verdade; mas que o poeta tenha o direito de reclamar mérito especial para ele mesmo é certamente presunção. Sinto que há um poço de inspiração do qual podemos tirar os tragos efervescentes que são tão essenciais à boa poesia. (. . . ) Às vezes o hino vem a mim por estrofes, e precisa somente ser escrito, mas nunca peço que uma porção de um poema seja escrita até que o poema todo seja completo. Então geralmente preciso podar e revisar muito. Algumas poesias é verdade, vêm completas, mas a maioria, não. (. . . ) Nunca começo um hino sem primeiro pedir meu bom Senhor para ser minha inspiração no trabalho que estou a começar.”

Fanny Crosby, que ministrou e continua a ministrar ao mundo todo com suas mensagens que “tocam o coração”, poucos dias antes da sua morte, numa visita de obreiros, falou estas palavras muito significativas:

“Creio que a maior bênção que o Criador me proporcionou foi quando permitiu que a minha visão externa fosse fechada. Consagrou-me para a obra para a qual me fez. Nunca conheci o que é enxergar, e por isso não posso compreender a minha perda. Mas tive sonhos maravilhosos. Tenho visto os mais lindos olhos, os mais belos rostos e as paisagens mais singulares. A perda da minha visão não foi perda nenhuma para mim.”

Fanny faleceu em Bridgeport, Estado de Connecticut em 12 de fevereiro de 1915. A pedra da sua sepultura é simples. Como pedira; tinha simplesmente as palavras Aunt Fanny – She Did What She Could. (Tia Fanny - Ela fez o que pôde). Em 1955, um grande monumento foi erigido sobre o seu túmulo homenageando esta serva de Deus e incluindo a primeira estrofe de Que segurança! Sou de Jesus!

O compositor publicador William Howard Doane, um dos parceiros mais bem sucedidos de Fanny, musicou esta letra e publicou o hino na sua coletânea Brightest and Best (O Mais Brilhante e o Melhor) em 1875. O ilustre hinólogo W. J. Reynolds acha estranho que o hino não fosse incluído logo nas seis coletâneas de Gospel Hymns publicadas por Bliss e Sankey nos Estados Unidos, porque Sankey o introduziu nas suas campanhas evangelísticas com Moody na Inglaterra em 1873-1874 e incluiu-o nas suas coletâneas publicadas naquele país, os Sacred Songs and Solos (Cânticos e Solos Sacros - coletânea que continua a ser publicada até hoje), Por isso, o hino não foi bem conhecido nos Estados Unidos até que a equipe de Billy Graham o trouxesse das suas campanhas na Inglaterra em 1954. Assim, este hino favorito dos crentes brasileiros foi redescoberto na América do Norte, tornou-se muito amado e aparece em muitos hinários mais recentes.

O nome da melodia, TO GOD BE THE GLORY, corresponde ao título original do hino, bem traduzido para o português, "A Deus Demos Glória."

Este hino foi primorosamente traduzido pelo Pastor Joseph Jones em 1887 e entrou nos hinários evangélicos mais antigos no Brasil.

Joseph Jones (1848-1927) nasceu em Portugal, filho de ingleses. Em 1857, aos 23 anos, converteu-se através do testemunho de membros duma família batista. Foi batizado em Londres. Retornou a Portugal e, onde iniciou atividades evangelísticas. Apesar da perseguição, Jones abriu uma Casa de Oração no subúrbio de Bonsucesso, na Ilha Mastro, perto do local onde mais tarde seria construído o tabernáculo batista.

Bibliografia: Jackson, Samuel Trevena. Fanny Crosby’s Story of Ninety-four Years, New York, Revell, 1915, p. 33, em: Ruffin, Bernard, Fanny Crosby, Philadelphia, PA, United Church Press, 1976, p. 28.

terça-feira, 17 de julho de 2012

A História de um Hino.



Muitas vezes gostamos tanto de uma musica que, ao saber o contexto em que foi criada, perdemos o entusiasmo em relação a ela. O contrário também pode acontecer. Em relação à música que é cantada dentro das Igreja Evangélicas a frequência de pessoas que passam a ter as suas vidas marcadas pela identificação com a história destas músicas é muito grande. Eu mesmo sou uma destas pessoas e a primeira história que quero contar é a da música que me marcou recentemente.
Era 1 de fevereiro de 2009, primeiro domingo, eu estava, com a minha esposa, na Congregação da Igreja Metodista que fica na Av. Brasil, entrada do Conjunto Campinho em Paciência. Ela estava a preparar-se para servir a Santa Ceia quando o meu telefone, que normalmente está desligado na Igreja, vibrou.
A minha irmã, em tom muito preocupado, dizia que a minha mãe, depois de chegar bem à igreja, havia passado mal e sido levada pela outra irmã e o pastor da igreja ao hospital.
Quando ela descreveu as condições em que estava minha mãe eu preparei-me para o pior, mas o pior naquele instante seriam as sequelas que ela iria ficar.
Pouco depois toca de novo o telefone e, quando do outro lado a pessoa se identificou como sendo o pastor que socorrera minha mãe, eu senti que a notícia era um pouco pior do que a que eu esperava anteriormente.
Findo o culto, partilhei com os irmãos que, enquanto partilhávamos a Mesa do Senhor, minha mãe (tinha falecido) havia ido cear diretamente com Ele.
Foi uma noite de lembranças e um dia difícil a seguir.
Na terça-feira, no culto de oração, na Igreja Metodista em Santa Margarida, o irmão Jocenir, acho que sem saber da minha história, me chamou para cantar um louvor ao Senhor e a música que eu senti o desejo de cantar, hoje eu sei, é baseada em Hc. 3:18 que diz “Todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação.”
Em abril, num encontro de pastores, eu acompanhava minha esposa e o grupo que fazia os momentos de louvor e contou a história daquele hino.
Eu me identifiquei de tal forma com o autor que chorei copiosamente, tendo na lembrança os ensinamentos de minha mãe e seus preciosos conselhos.
Aqui está a história que mais gosto deste hino bem como a letra e o vídeo da Catedral Evangélica de São Paulo cantando esta linda melodia.

Em Novembro de 1873, o "Ville de Havre" zarpou da cidade de Nove Iorque para a Europa. Entre os passageiros encontrava-se, a bordo, a Sra. Spafford, esposa de um advogado em Chicago, com seus quatro filhos.
A viagem estava quase no fim, estando já à vista as costas da Inglaterra, quando ocorreu uma terrível catástrofe. Na escuridão da noite um barco colidiu com o "Ville de Harve" e este começou logo a afundar.
A Sra. Spafford ajuntou os seus filhos ao seu redor e encomendou-os a Deus. À medida que a água subia, mais e mais, dentro do navio, um dos filhos procurou confortar sua mãe em prantos, lembrando-lhe de que era tão fácil ser chamado à presença de Cristo, tanto do mar, como se da casa, na América!
Um a um, os seus queridos filhos foram arrancados dos seus braços. perecendo diante dos seus olhos. Ela, porém, foi milagrosamente poupada e salva, algumas horas mais tarde, por outro navio.
Supondo que a notícia do desastre seria logo divulgada pelo mundo, a Sra. Spafford assim que atingiu o porto, enviou um telegrama ao seu marido. Este havia recebido a notícia do naufrágio do navio e da perda de seus passageiros, mas ainda não sabia da perda dos seus entes queridos.
Com o coração pulsando fortemente e com mãos vacilantes ele abriu o envelope. A mensagem era curta, consistindo em apenas duas palavras. Seus olhos foram diretos à palavra "salva", dando ao seu coração uma repentina sensação de alegria. Relendo, porém, o telegrama, notou a segunda palavra: "só", causando-lhe uma terrível mudança de sentimentos. Num determinado momento foi cheio de um gozo inefável; e no momento seguinte, inundado de indescritível tristeza!
Contudo, ele pôde agradecer a Deus por ter salvo a sua amada esposa, ainda que lamentasse a perda dos filhos queridos.
Dois anos mais tarde o mesmo Sr. Spafford perdeu grande parte dos seus bens num incêndio que houve em Chicago, mas a sua fé cristã sempre firme permitiu que ele superasse a todas aquelas perdas.
A despeito de tudo o que lhe aconteceu, foi capaz de sentar-se e escrever o lindo hino que focalizamos e que se tornou tão conhecido em todo o mundo evangélico. Ë o Nº.312, em " Hinos e Cânticos". A sua letra em português é de autoria do Sr. S.E. McNair; a música é do Sr. Philip P. Bliss.
Há muitas famílias nas quais existem pessoas salvas e pessoas perdidas. Aquelas que estão preparadas e aquelas que não estão preparadas para se encontrarem com um Deus santo e que odeia o pecado!
Nalgumas delas é possível que o marido seja salvo e a esposa não; uma irmã salva e um irmão, perdido; e assim por diante. Que coisa terrível será, na eternidade, se sua mãe, ou seu pai, ou irmã ou irmão, ou esposa ou esposo, for salvo e você - PERDIDO!
E se falamos em ser salvo, devemos pensar num meio de salvação; e quando Deus nos fala da Sua grande salvação, Ele nos fala, também, a respeito do nosso grande Salvador, o Senhor Jesus. Ele nos fala, ainda, como podemos estar certos dessa salvação: "Se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus O ressuscitou dentre os mortos, serás salvo" (Romanos 10.9).
Você quer ter, também, esta certeza?

O hino desta primeira história é o do Hinário Adventista nº 230

Sou Feliz Com Jesus
Horatio Gates Spafford & Franz Joseph Haydn

Se paz a mais doce me deres gozar,
Se dor a mais forte sofrer,
Oh seja o que for, tu me fazes saber
que feliz com Jesus hei de estar

Sou Feliz (Sou Feliz)
Com Jesus (Com Jesus)
Sou feliz com Jesus meu Senhor.

Embora me assalte o cruel Satanás.
E ataque com vis tentações. Oh sim,
certo estou mesmo em tais provações,
em Jesus acharei força e Paz.

Jesus meu Senhor ao morrer sobre a cruz.
Livrou-me da culpa e do mau, salvou-me
Jesus Oh mercê sem igual!
Sou feliz e hoje vivo na luz.

A vinda eu anseio do meu Salvador,
em breve virá me buscar. Então lá no
céu vou pra sempre morar com remido
na luz do Senhor.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Preservando os Relacionamentos


Sábado à tarde

VERSO PARA MEMORIZAR: “Quem é a nossa esperança, alegria ou coroa em que nos gloriamos perante o Senhor Jesus na Sua vinda? Não são vocês? De fato, vocês são a nossa glória e a nossa alegria” (1Ts 2:19, 20, NVI).

Leituras da semana: At 17:5-34; 1Co 1:18; 2:2; 1Ts 2:17;3:10

Pensamento-chave: O verdadeiro evangelismo leva a relacionamentos que podem resistir ao teste do tempo e durar pela eternidade.

Durante três semanas Paulo realizou uma série de reuniões evangelísticas em Tessalónica. Foi uma série muito animada, mas incitou a oposição dos líderes religiosos locais e de um grupo de malfeitores. Finalmente, Paulo foi expulso pelas autoridades da cidade, que também procuraram impedir seu retorno.

Esta lição fala das consequências da tentativa de Paulo de evangelizar Tessalónica. Para Paulo, depois dessa experiência, teria sido fácil focalizar a oposição e outros obstáculos do caminho. Em vez disso, a mente dele estava concentrada principalmente nos relacionamentos que tinha desenvolvido com os membros da nova comunidade cristã de Tessalónica.

Paulo ficou triste por não poder permanecer mais tempo com aqueles cristãos. Ele sabia que a brevidade do tempo que tinha passado com eles os tornaria mais vulneráveis ao desânimo e às influências negativas. Não podendo lhes falar pessoalmente, ele foi inspirado pelo Espírito Santo a lhes escrever duas cartas, as quais fazem parte do Novo Testamento.

Domingo

Oposição em Tessalónica

1. Qual foi a principal motivação para a oposição à mensagem de Paulo? Que declarações seus oponentes fizeram para que as autoridades locais se interessassem no caso? Como essas autoridades responderam? At 17:5-9

Quando alguém prega novos ensinamentos e as pessoas ficam entusiasmadas, os líderes e mestres dos outros grupos religiosos podem ficar com ciúmes.

A atenção que antes era dirigida a eles se volta para outros. Como resultado, eles podem se comportar de forma irracional a fim de reduzir a influência do novo mestre.

De acordo com o historiador romano Tácito, pouco antes dos eventos descritos em Atos 17, surgiu um conflito entre os judeus de Roma sobre um homem que Tácito chama de “Cresto”. Esse termo provavelmente reflita uma incompreensão romana do conceito judaico acerca do Messias, ou, em grego, “o Cristo.” Aparentemente, a pregação do evangelho, realizada por alguma pessoa, tinha dividido a comunidade judaica de Roma.

Para os oficiais romanos, o debate sobre o Messias soava como preparação para o estabelecimento de um novo rei no trono de Roma (At 17:7). Provavelmente, por essa razão, o imperador tenha expulsado todos os judeus de sua capital (At 18:2). Alguns desses exilados se estabeleceram em Tessalónica, ou passaram por ali, levando o conhecimento desses eventos para a cidade. Visto que o evangelho havia colocado de cabeça para baixo o mundo dos judeus de Roma, os líderes religiosos de Tessalónica estavam determinados a impedir que algo semelhante acontecesse ali.

Tessalónica era governada por um conselho municipal possivelmente de cinco ou seis “prefeitos” que tomavam decisões em grupo. Essa organização permitia considerável independência em relação a Roma, o que eles não gostariam de perder. Nessas circunstâncias, o comportamento dos oficiais da cidade foi bastante impressivo. A semelhança com os acontecimentos recentes em Roma poderia ter exigido severa punição física para os novos cristãos. Em vez disso, os líderes da cidade responderam de forma imparcial (compare com At 16:22-24). Eles se certificaram de que Paulo e Silas deixassem a cidade (At 17:10). Também exigiram uma quantidade significativa de dinheiro dos novos cristãos como garantia de que Paulo não seria causa de novas perturbações. Então, os líderes permitiram a saída de todos.

O ciúme e a inveja podem nos destruir. O que podemos aprender com a vida e os ensinamentos de Jesus para nos ajudar a vencer esses sentimentos fatais?

Segunda-feira

O episódio em Bereia

A perseguição pode ser uma via de mão dupla. Muitas vezes, ela é provocada pela calúnia contra os que não fizeram nada de errado. Mas também pode ser provocada por ações inadequadas dos cristãos (1Pe 3:13-16; 4:12-16). É muito provável que o tumulto em Tessalónica tenha sido motivado não só pela inveja dos adversários de Paulo, mas também pelas ações inadequadas dos novos crentes. As duas cartas aos Tessalonicenses revelam que Paulo tinha grandes preocupações acerca do comportamento público inadequado de alguns cristãos.

Paulo exortou os cristãos de Tessalónica a viver de modo tranquilo e a se comportar adequadamente entre os vizinhos gentios (1Ts 4:11, 12). Ele aconselhou os rebeldes entre eles (1Ts 5:14). Ordenou que eles se afastassem dos que andavam desordenadamente (2Ts 3:6, 7). Observou que alguns membros da igreja não apenas andavam de modo desordenado e ocioso, mas se haviam tornado “intrometidos” (2Ts 3:11). Assim, alguns membros eram um incómodo não apenas para a igreja, mas também para a sociedade. A perseguição em Tessalónica foi perversa, mas houve também comportamento censurável entre alguns novos cristãos.

2. Qual foi a diferença entre a experiência de Paulo em Bereia e em Tessalónica? O que aprendemos com essa diferença? At 17:10-15

Os bereanos estavam ávidos para conhecer mais sobre Deus e para entender melhor as Escrituras. Mas, embora tivessem ouvido com muita receptividade, eles também punham à prova tudo o que ouviam dos apóstolos com base no que encontravam em seu próprio estudo do Antigo Testamento.


Esse é um exemplo para nós. Podemos estar abertos a novas ideias, mas devemos sempre confrontá-las com base nos ensinamentos da Bíblia. Temos muitas coisas para aprender e muitas para desaprender. Ao mesmo tempo, devemos ter cuidado para evitar erros, uma vez que eles nos afastam da verdade.


Ainda que perturbadores de Tessalonica logo tivessem se intrometido na situação de Bereia, os judeus ali não fecharam a mente para a nova mensagem. Na verdade, “creram muitos dentre os judeus” (v. 12). Embora tivessem achado oportuno que Paulo seguisse para Atenas, permitiram que Silas e Timóteo permanecessem em Bereia a fim de incentivar e fortalecer os novos crentes.

Que exemplos temos em que a igreja cristã agiu de maneira claramente errada? Que lições podemos aprender com esses erros? Comente com a classe suas respostas.

Terça-feira

Em Atenas

De acordo com Atos 17:14-16, Silas e Timóteo ficaram em Bereia, enquanto Paulo foi acompanhado até Atenas. Paulo instruiu seus acompanhantes a fazer com que Silas e Timóteo se juntassem a ele em Atenas, mas não há nenhuma menção de que eles tivessem feito isso. Por outro lado, em 1 Tessalonicenses 3:1, 2, vemos que Paulo enviou Timóteo de volta de Atenas a Tessalonica. Assim, pelo menos Timóteo parece ter se unido a ele ali por um curto período.

3. Ao falar aos judeus em Atos 17:2, 3, Paulo começou com o tema do Messias no Antigo Testamento. Ao falar aos filósofos pagãos de Atenas (At 17:16-34), em que ponto ele começou? O que podemos aprender com essas abordagens diferentes?

Em lugar de ter simplesmente entrado em Atenas, ido até o Areópago (também conhecido como Colina de Marte) e envolvido os filósofos ali, Paulo primeiramente andou pela cidade durante algum tempo e fez observações. Ele também envolveu os judeus de Atenas e alguns gregos da sinagoga de lá. Além de evangelizá-los em sua maneira habitual (At 17:2, 3), ele também deve ter aprendido sobre a cultura dominante na cidade. O primeiro passo em qualquer esforço missionário é ouvir e aprender sobre a fé e os pontos de vista das pessoas que estamos tentando alcançar.

Paulo também passou algum tempo no mercado de Atenas (que ficava abaixo e à vista do Areópago, ou Colina de Marte), argumentando com todos os que estivessem dispostos a conversar com ele. No processo, ele provocou a curiosidade de alguns filósofos epicureus e estóicos, que o convidaram para discursar a eles no lugar tradicional para tais discussões.

Ele começou seu discurso aos intelectuais de Atenas com observações sobre sua cidade e religiões. Seu ponto de partida teológico foi a criação, um tópico em que tanto ele quanto eles estavam interessados. Em contraste com sua abordagem à sinagoga, ele não defendeu sua causa a partir das Escrituras, mas a partir de escritos com os quais eles estavam familiarizados (At 17:27, 28 ecoa e cita escritores gregos). Mas quando ele entrou no território que ia além dos limites em que eles estavam intelectualmente à vontade, parece que os filósofos encerraram abruptamente a discussão. Alguns indivíduos, no entanto, continuaram a conversar com Paulo e se tornaram cristãos.

Compreendemos bem as opiniões e crenças dos que nos cercam? Por que é importante conhecer um pouco dessas coisas enquanto procuramos testemunhar?

Quarta-feira

Chegada a Corinto


Atos 18:1-18 contém duas importantes intersecções com a história secular. A primeira é a expulsão dos judeus de Roma durante o reinado de Cláudio (At 18:2). Informações de fontes extrabíblicas colocam esse evento em 49 d.C. A outra importante intersecção é a menção do procônsul Gálio (At 18:12). Visto que os procônsules em Corinto eram nomeados para períodos de um ano, a informação de inscrições e outros dados indicam que o mandato de Gálio ocorreu entre 50 e 51 d.C. Estudiosos críticos, muitas vezes duvidam da historicidade do livro de Atos, mas há muitas referências casuais como essas que confirmam sua descrição da história.


Timóteo deve ter viajado de Tessalonica para Bereia com Paulo e Silas (At 17:10, 14, 15), após sua expulsão de Tessalónica. Depois, se encontrou com Paulo em Atenas e foi enviado de lá para Tessalónica (1Ts 3:1, 2). Ali, ele se juntou a Silas (At 18:5) e, finalmente, viajou para se unir a Paulo em Corinto. A primeira epístola aos Tessalonicenses deve ter sido escrita de Corinto, logo após a chegada de Timóteo. Paulo sabia o que as pessoas estavam pensando na Acaia, onde Corinto estava localizada (1Ts 1:7, 8), e em 1 Tessalonicenses, ele estava respondendo às informações trazidas por Timóteo (1Ts 3:5, 6).

4. Qual foi o assunto principal da pregação de Paulo nessa passagem? Qual foi a diferença entre a estratégia missionária de Paulo em Atenas e em Corinto? 1Co 1:18; 2:2

Paulo não deve ter ficado satisfeito com o resultado de seu encontro com os filósofos de Atenas, pois em Corinto ele decidiu utilizar uma abordagem mais direta para a mente grega. Ao fazer isso, ele não estava rejeitando a ideia de “alcançar as pessoas onde elas estão”, pois ele claramente promoveu esse tipo de abordagem na mesma carta (1Co 9:19-23). O que ele demonstrou em Atenas e Corinto foi que o processo de alcançar pessoas onde elas estão não é uma ciência exata, mas exige constante aprendizado e adaptação. Paulo não usou a mesma abordagem em todas as cidades. Ele era muito sensível às mudanças dos tempos, culturas e circunstâncias.

Qual é a relevância da mensagem da cruz para nós hoje, visto que a “sabedoria” do mundo muitas vezes se choca com a “loucura da cruz”?

Quinta-feira

Paulo revela sua afeição

5. Como era o relacionamento e a ligação emocional de Paulo com os crentes de Tessalónica? O que isso nos ensina a respeito de como devemos nos relacionar com aqueles a quem ministramos? 1Ts 2:17;3:10

A profundidade do pensamento de Paulo e o tom de confronto (veja, por exemplo, Gl 1:6, 7;. 3:1-4; 4:9-11), às vezes fazem com que ele pareça desprezar os sentimentos e relacionamentos pessoais. Mas esse agradável interlúdio em 1 Tessalonicenses mostra o contrário. Ele era um evangelista intensamente relacional, de acordo com a grande comissão, que enfatiza principalmente a formação de discípulos (Mt 28:19, 20).

Na passagem acima, Paulo revelou suas emoções. Ele sentia falta e “intensa saudade” dos irmãos tessalonicenses. Paulo disse que, ao Jesus voltar, pretendia apresentar a Ele os crentes de Tessalónica como frutos de seu ministério. Paulo não ficaria contente apenas em ser salvo no fim do tempo. Ele queria evidências de que sua vida havia feito uma diferença permanente para o reino de Deus.

Quando Paulo não mais pôde suportar o desejo intenso de encontrar os tessalonicenses, enviou um amigo em comum para verificar como eles estavam. Paulo temia que, de alguma forma, Satanás os afastasse de suas convicções originais. Mas ele foi grandemente consolado quando Timóteo informou que eles estavam firmes na fé.

Há uma interessante sugestão de uma dinâmica mais profunda em 1 Tessalonicenses 3:6. Paulo se regozijou com o relatório de Timóteo de que eles mantinham um bom conceito a respeito dele e de que eles estavam ansiosos para vê-lo tanto quanto ele estava ansioso para encontrá-los. A partida de Paulo de Tessalónica havia sido repentina, e parece que ele tinha alguma incerteza sobre a maneira pela qual eles consideravam sua pessoa e sua ausência. A fidelidade dos tessalonicences fez grande diferença para Paulo. Talvez, o senso de valor pessoal de Paulo estivesse, até certo ponto, ligado ao sucesso de sua missão. Afinal, ele era apenas humano.

O relatório de Timóteo trouxe a Paulo uma intensa experiência de alegria em suas orações a Deus. Mas essa alegria não acabou com seu intenso desejo de vê-­los face a face e completar a educação deles na caminhada cristã. No entanto, não podendo estar pessoalmente com eles, Paulo enviou primeiro um mensageiro, Timóteo, e depois se comunicou por meio de cartas. Essas cartas fazem parte do Novo Testamento.

Sexta-feira

Estudo adicional

Se nos humilhássemos perante Deus e fôssemos bondosos e corteses, compassivos e piedosos, haveria uma centena de conversões à verdade onde agora há apenas uma. Mas, professando ser convertidos, levamos conosco uma carga de egoísmo que consideramos excessivamente preciosa para ser abandonada. É nosso privilégio depositar esse fardo aos pés de Jesus, assumindo em seu lugar o carácter e a semelhança de Cristo. O Salvador está esperando que assim procedamos” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 9, p. 189, 190).

“Durante Seu ministério, Jesus tinha conservado constantemente perante os discípulos o fato de que eles deviam ser um com Ele em Sua obra de resgatar o mundo da escravidão do pecado... Em toda a Sua obra Ele os estava preparando para o trabalho individual, que devia ser expandido à medida que seu número aumentasse” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 32).

Perguntas para reflexão
1. Que erros no comportamento dos cristãos dificultam o esforço para alcançar as pessoas?
2. Em Testemunhos Para a Igreja, v. 9, p. 189 (veja acima), Ellen G. White identifica o “egoísmo” como obstáculo à conversão de mais pessoas. De que forma o “egoísmo” se manifesta? Como podemos aprender a morrer para o eu?
3. O foco central da grande comissão (Mt 28:19, 20) é fazer discípulos. Compartilhe algumas de suas próprias experiências em ser ou em fazer discípulos. Até que ponto o discipulado de sua própria igreja está orientado?
4. Como você pode explicar a alguém a “loucura” da cruz? Por que Paulo usou essa terminologia? O que isso nos diz sobre a limitação da nossa compreensão da realidade?

Resumo: Em apenas três semanas, Paulo se havia tornado intensamente ligado aos novos crentes em Tessalónica. Não podendo voltar a eles, ele primeiramente lhes enviou Timóteo. Sob o poder do Espírito Santo, ele também colocou seu coração em duas cartas. O evangelismo significativo não deve se contentar com a simples aceitação das crenças cristãs. A vida física, mental e emocional está envolvida na fé cristã.

Respostas sugestivas: 1: Inveja; disseram que os apóstolos transtornavam o mundo, procediam contra os decretos de César e afirmavam que Jesus era rei; as autoridades receberam a fiança e os soltaram. 2: Os judeus de Tessalônica não aceitaram o evangelho e perseguiram os mensageiros; os de Bereia receberam a Palavra com avidez; na missão de pregar o evangelho precisamos aprender a enfrentar reações diferentes. 3: Mostrou que a religião deles de alguma forma se relacionava com o evangelho; com base em escritos conhecidos pelos atenienses, apresentou o Deus criador. 4: Jesus Cristo crucificado, a sabedoria divina que parece loucura para os homens; em Atenas, Paulo argumentou com base na religião e cultura do local. 5: Era semelhante ao relacionamento entre pai filho: profunda amizade, saudade e preocupação com o bem-estar mútuo.

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Comentários e Explicações da Lição - 2
PRESERVANDO RELACIONAMENTOS

Uma das grandes realizações do ministério pastoral, talvez a maior, é o privilégio de estabelecer relacionamentos significativos e duradouros. Paulo, transformado de perseguidor cruel em pastor amoroso, deixou-nos lições preciosas sobre os nobres sentimentos que mantinha pelas pessoas que levou aos pés da cruz.


Nesta semana, ao preparar a matéria da lição, trago bem nítidas na memória, imagens dos locais mencionados, muitos dos quais tive a chance de percorrer, repetindo o mesmo trajeto da viagem do apóstolo na Grécia, séculos antes. Atualmente, claro, em estradas de ferro e amplas rodovias asfaltadas. Cidades como Kavala (Filipos), Salónica, a Via Inácia, Véria (Bereia), Atenas, o Porto de Pireu, Corinto, etc., são fontes de gratas recordações e inspiração para o estudante da Bíblia.


Povoada por gente de várias nacionalidades, Tessalónica abrigava uma considerável colónia judaica. Os discípulos se hospedaram na casa de Jason. Os primeiros tempos ali devem ter sido muito difíceis como revelam 1Tessalonicenses 2:9 e 2Tessalonicenses 3:8.
Por três sábados, os apóstolos tiveram oportunidade de pregar na sinagoga. Como resultado, “alguns deles creram”. A mensagem foi acolhida no coração de “gregos religiosos, grande multidão, e mulheres nobres, não poucas” (At 17:4).


Oposição em Tessalónica
O rápido “sucesso” de Paulo nessa cidade criou ciúmes e exaltou os ânimos daqueles judeus não convertidos. Novamente, como em Antioquia da Pisídia, o zelo equivocado de alguns entrou em erupção. Não encontrando Paulo nem seus associados, arremeteram contra a casa de Jason e o levaram prisioneiro diante das autoridades, acusando-o de subversão. Porém, esses judeus não se inflamaram tanto como os de Filipos, pois logo “tendo recebido satisfação de Jason e dos demais os soltaram” (At 17:9).


Durante a noite, temerosos pela possibilidade de violência posterior, os irmãos enviaram, Paulo e Silas a Bereia. Timóteo permaneceu em Tessalônica para atender o nascente interesse evangelístico.

Em Bereia
Bereia era uma cidade muito menor que Tessalónica, situada a uns 80 quilómetros a sudoeste, na encosta oriental do Olimpo, o sagrado monte grego.


A Escritura afirma que os habitantes de Bereia foram mais nobres que os de Tessalónica (At 17:11). Aceitaram a verdade que ouviram, comparando-a com a Palavra de Deus. Em outras palavras, os bereanos acolheram avidamente a mensagem, estudando todos os dias as Escrituras para comprovar se o que Paulo ensinava era verdade.


Propositalmente, destaquei essa característica dos crentes de Bereia porque nisso eles são exemplo para nós. Hoje, quando alguns na igreja apreciam contestar, criticar, promover dissensões e dissidências, é de suprema importância que sejamos cristãos que busquem, no estudo assíduo da Palavra revelada, a solidificação da estrutura espiritual de nossa vida religiosa.

Todavia, como havia acontecido antes em Listra, os judeus de Tessalónica não descansaram. Um grupo deles viajou até Bereia e promoveu ali grande agitação pública com o intuito de expulsar dali os pregadores. Conseguiram que Paulo saísse da cidade.
Enquanto Paulo era acompanhado por alguns irmãos a Atenas, Silas e Timóteo (chegado de Tessalónica) permaneceram em Bereia.

Em Atenas – Atos 17:15-34.
Se Paulo realizou a viagem por mar, ele gastou uns quatro dias. Se foi por terra, atravessando a Tessália, deve ter despendido quase duas semanas. Ao chegar à capital cultural do mundo antigo, ele se sentiu tremendamente só. E através dos bereanos que regressaram, mandou chamar seus companheiros, mas o esperado encontro só aconteceu mais tarde em Corinto.


Em Atenas, Paulo encontrou uma população culta e instruída. Escreveu Ellen White: “A cidade de Atenas era a metrópole do paganismo. Aí Paulo não se encontrou com uma população crédula e ignorante, como em Listra, mas um povo famoso por sua inteligência e cultura. Em todos os lugares estavam à vista estátuas de seus deuses e heróis divinizados da história e da poesia, enquanto magnificentes arquitecturas e pinturas representavam a glória nacional e o culto popular de deidades pagãs. O senso do povo estava empolgado com o esplendor e a beleza da arte. De todos os lados santuários, altares e templos representando enorme despesa, exibiam sua formas maciças. Vitórias das armas e feitos de homens célebres eram comemorados pela escultura, relicários e placas. Tudo isso fez de Atenas uma vasta galeria de arte” (Atos dos Apóstolos, p. 233, 234).

A permanência de Paulo em Atenas de modo nenhum foi ociosa. Na sinagoga e na praça pública, ele disputava poderosamente com os que estivessem dispostos a escutá-lo. Logo, os grandes homens de Atenas ouviram acerca dele. Alguns filósofos epicureus e estóicos foram em sua busca com a evidente intenção de ridicularizá-lo como alguém que estivesse muito abaixo deles, tanto intelectual como socialmente. Porém tiveram uma surpresa. Logo viram que ele tinha um conhecimento muito superior ao deles. Sua capacidade intelectual impunha respeito aos letrados, ao passo que seu fervoroso e lógico raciocínio e seu poder de oratória captavam a atenção de todo o auditório (Atos dos Apóstolos, p. 235).

Finalmente, decidiram dar a Paulo a oportunidade de se dirigir à elite da cidade. A reunião aconteceu no histórico cenário do Areópago, ou Colina de Marte, localizado próximo à entrada monumental da Acrópole ateniense. O discurso que Paulo proferiu ali é uma obra-prima de eloquência. Foi ouvido com atenção comovida, e muitos sentiram a ação do Espírito Santo em sua mente. Porém, quando falou da ressurreição dos mortos, negada pela filosofia grega em voga, os ouvintes encontraram a escusa para não mais o escutarem.

“Terminou assim o trabalho do apóstolo em Atenas, o centro da cultura pagã; pois os atenienses, apegando-se persistentemente à sua idolatria, viraram as costas à luz da verdadeira religião. Quando um povo está inteiramente satisfeito com suas próprias realizações, pouco mais se pode esperar dele” (Atos dos Apóstolos, p. 239).

Quando as grandes verdades da Palavra nos são apresentadas, é muito perigoso fazer como fizeram aqueles filósofos: “Nós o ouviremos em outra ocasião sobre este assunto” (At 17:32).

Esses gregos, talvez, nunca mais tivessem outro encontro como aquele na Colina de Marte. E se o tiveram, jamais ouviram Paulo pregar outra vez. Tanto quanto se sabe, o apóstolo não mais pregou na capital grega, embora deva ter passado por ali mais tarde. A mente humana, como no cultivo da terra, tem estações favoráveis. Em relação ao Evangelho e à vida eterna, a estação favorável é sempre hoje.

A maioria dos ouvintes de Paulo no Areópago zombou dele ou procrastinou uma possível aceitação do Evangelho. Porém, houve pelo menos duas pessoas que aceitaram e se uniram ao apóstolo e sua mensagem: Dionísio, um membro da corte que administrava os eventos da Colina de Marte, “e uma mulher por nome Dámaris” (At 17:34).

Por que esses dois ouvintes creram, enquanto todos os outros zombaram e adiaram uma aceitação? A única resposta que podemos encontrar é que o vento do Espírito Santo estava soprando naquele dia histórico sobre a Colina de Marte, e usou a pregação de Paulo, para lançar sementes de arrependimento e de vida eterna no coração de Dionísio e Dámaris.

Pense nisto: pelo menos um daqueles filósofos poderia ser lembrado hoje pelo nome? Como se chamavam aqueles que convidaram Paulo para discursar no Areópago de Atenas? Nenhum deles é lembrado. Ficaram esquecidos na poeira do tempo. Mas o nome de Dionísio e o nome de Dámaris, que escolheram Cristo, ainda vivem. E viverão para sempre, pois são nomes que estão escritos no livro da Vida do Cordeiro.

Chegada em Corinto – At 18:1-18.
Corinto era a metrópole comercial e política da Grécia. Seu nome era sinónimo de libertinagem. Chegando a essa cidade, Paulo se hospedou na casa de Áquila e Priscila, um casal de judeus vindos de Roma, havia pouco. Eram nativos do Ponto, e tinham vivido um tempo em Roma até que foram alcançados pela expulsão dos judeus, ordenada pelo imperador Cláudio (49 d.C).

Lucas não diz se já eram cristãos ou se Paulo os levou à conversão. O certo é que em seu lar, Paulo encontrou o descanso que anelava para seu corpo cansado e para seu espírito abatido pelo que havia ocorrido em Atenas.

Situada no istmo homónimo, a uns 65 km de Atenas, Corinto era uma cidade cosmopolita, de grande atividade comercial. Porém, seus habitantes eram completamente idólatras, e o culto a Afrodite havia chegado a degradá-los a tal ponto que, mesmo entre pagãos era proverbial sua imoralidade.

F. Godet escreveu: “No alto da Acrópole resplandecia o templo de Vénus, onde se oferecia a seus habitantes e aos estrangeiros, todos os meios de desordem. O povo da nova Corinto sobrepujava em corrupção a qualquer outro, a tal ponto que a expressão ‘viver à coríntia’ indicava o género de vida mais dissoluto possível. ‘Banquete coríntio’ e ‘bebedor coríntio’ eram frases proverbiais” (citado por Treiyer).

A permanência de Paulo em Corinto se prolongou por algo mais de um ano e meio. Em seu trabalho, ele usou um método distinto daquele que empregou em Atenas: “Resolveu evitar todas as discussões e argumentos complicados, e nada saber entre os coríntios, senão a Jesus Cristo, e este crucificado. Iria pregar-lhes não com palavras persuasivas de humana sabedoria, mas em demonstração de Espírito e de poder” (1Co 2:2, 4; Atos dos Apóstolos, p. 244).

Os fatos de maior destaque em Corinto foram:

a. Labores entre os judeus: seguindo seu plano habitual, primeiramente pregou aos sábados nas sinagogas e durante a semana trabalhava em seu ofício de tecer tendas a fim de ganhar o sustento. No tempo em que Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, a resistência dos judeus inconversos se havia tornado agressiva. O apóstolo se voltou então para os gentios. Porém, “a impiedade que via e ouvia nessa corrupta cidade quase o desanimava. A depravação que presenciava entre os gentios, e o desprezo e insulto dos judeus lhe traziam grande angústia. Duvidou da sabedoria de procurar estabelecer uma igreja com o material que ali se encontrava” (Atos dos Apóstolos, p. 250).

b. Uma visão animadora: quando Paulo começou a planejar sua partida para um lugar mais promissor, o Senhor lhe disse em visão: “não temas; pelo contrário, fala e não te cales; porquanto Eu estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade” (At 18:9, 10).


c. Atentado dos judeus: entre os conversos de Paulo estava Justo, cuja casa estava ao lado da sinagoga, e Crispo, que antes de sua conversão havia sido o chefe da sinagoga. Ainda gente de destaque social como Gaio e a filha de Estéfanas, e outros mais. Certo dia, os judeus se levantaram contra Paulo e o levaram preso perante Gálio, o procônsul da Acaia. A acusação era séria, já que apresentaram Paulo como agitador. Porém, Gálio era homem íntegro e não se deixou enganar pelos judeus irados e cruéis. Aborrecido pelo fanatismo e justiça própria deles, não quis dar lugar à acusação. Os judeus, desconcertados, foram expulsos do tribunal, e a multidão que os havia apoiado, compreendendo a verdade da situação, voltou-se contra eles, agredindo Sóstenes, sucessor de Crispo como principal da sinagoga. Parece provável que, depois desse incidente, Sóstenes tenha se convertido (1Co 1:1). Isso deu mais prestígio ao cristianismo (veja Atos dos Apóstolos, p. 252, 253).

d. Envio das duas cartas aos Tessalonicenses: os dois fiéis colaboradores de Paulo, que haviam chegado de Tessalónica, informaram-no acerca de alguns problemas que estavam sacudindo a igreja. Havia alguns irmãos muito abatidos pela morte de seus amados, sem um conceito claro da ressurreição. Outros, fanáticos, aconselhavam a não trabalharem mais, diante da proximidade da vinda de Cristo. Ainda outros estavam caindo em imoralidade, e havia quem não reconhecia plenamente as autoridades da igreja. A todos eles escreveu o apóstolo, animando e corrigindo. É bastante provável que o portador de ambas as cartas tenha sido Timóteo.

Paulo revela sua afeição

“Depois da partida forçada de Tessalónica, Paulo expressou sua amorosa preocupação pelos irmãos que havia deixado para trás. Nesse ponto, o estilo do apóstolo se tornou intensamente emocional. Até mesmo as palavras parecem tremer. A razão para o profundo sentimento que Paulo transpira aqui provavelmente seja que os inimigos da fé tivessem insinuado que a súbita partida dos missionários era prova da falta de genuína preocupação pelas pessoas a quem enganaram. Em contrapartida a tal acusação Paulo enfatizou que, para os missionários, a separação que surgiu foi por eles sentida como nada menos do que terem sido arrancados daqueles a quem amavam com tanta ternura” (Hendriksen, p. 90).

Claramente e com muito sentimento, o apóstolo expressou seu amor pelos leitores, a quem chamou de “nossa esperança ou alegria ou coroa da glória na presença de nosso Senhor Jesus Cristo em Sua vinda”. Declarou que ele e seus companheiros foram “arrancados” dos irmãos.: Repetidas vezes “nos esforçamos com a máxima diligência por ver a vossa face com intensa saudade”. Mas eles foram impedidos por Satanás (1Ts 2:17-20).



“As cartas paulinas são um claro testemunho do coração pastoral do apóstolo. Paulo não era um teólogo erudito, distante das realidades da vida da igreja; ao contrário, a preocupação com as igrejas foi o trampolim para a sua teologia. Paulo também não era evangelista de um único interesse, dedicado apenas a conquistar pessoas para Jesus Cristo; mais exatamente, ele se preocupava em continuar a se relacionar com as igrejas que fundara” (Dicionário de Paulo, p. 911).

Nas páginas que se seguem, quero oferecer ao estudioso destas lições algumas informações que podem ajudá-lo numa compreensão mais efetiva dos temas do trimestre (Material adaptado de “Epístolas do NT” de Humberto Treiyer).


INTRODUÇAO GERAL AO ESTUDO DA EPÍSTOLA – 1ª Tessalonicenses

O estudo das epístolas do Novo Testamento pode apresentar certas dificuldades, caso não se levem em conta alguns princípios gerais que ajudam em sua compreensão. Por isso, seria de grande proveito analisar, ainda que rapidamente, as características de maior destaque do conjunto desses escritos.

As 21 epístolas do Novo Testamento foram escritas por cinco autores; o mais prolífero deles e o que nos atrai a atenção neste estudo é o apóstolo Paulo. De seu punho procedem 14 cartas, dois terços do total. Elas contêm a essência doutrinal do cristianismo, daí a importância de seu estudo. A igreja cristã não pode prescindir de nenhuma delas.

Características distintivas das epístolas

1. Existe uma harmonia essencial entre as epístolas e os livros históricos do Novo Testamento
Os ensinos de Jesus, registrados nos evangelhos, e as pregações apostólicas, conservadas em Atos dos Apóstolos, constituem as sementes doutrinárias, que se enraízam, crescem e frutificam nas epístolas. Uma única Mente, a divina e infinita, moveu os autores do Novo Testamento. As epístolas não apenas apresentam uma complementação maravilhosa, mas a ausência de contradições. Falam da mesma fonte de Inspiração: “os santos homens de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pe 1:21).

2. Sua forma de redação é epistolar
Enquanto os profetas do Antigo Testamento entregavam suas mensagens em forma de oráculos, cheios de advertências acerca dos juízos de Deus, os apóstolos recorreram ao género epistolar, ou seja, cartas compostas conforme o estilo da época. Talvez o estilo que melhor se preste para ensinar, corrigir problemas concretos, expressar sentimentos e elaborar planos de ação. Seus autores estavam conscientes da forma pela qual escreviam.


Os discursos registrados em Atos dos Apóstolos, com poucas exceções, dirigem-se a pessoas não cristãs. Por outro lado, as epístolas são enviadas a crentes, seja a igrejas organizadas, ou mensageiros da Palavra.

Ao escrever as cartas, os apóstolos expressavam a plenitude de suas explicações e podiam extravasar-se em sentimentos próprios do gênero epistolar.

Os tratados sistemáticos, como os que escreveram os retóricos e filósofos dessa época, não teriam conseguido fazer a obra que realizaram as cartas familiares e flexíveis. Nelas os apóstolos não trataram de itens imaginários, mas casos reais, erros ou tendências como os que surgiram nas igrejas.

Os apóstolos escreveram acerca de incompreensões e perversões da verdade, dificuldades que surgiram no trato com os pagãos, de abusos que se efetuavam no culto e nas práticas da vida, de questões e tendências da mente humana que haviam de se apresentar na igreja de Deus e muito mais.

3. Estão intimamente relacionadas com o Antigo Testamento
No conteúdo das epístolas, são abundantes citações e expressões dos profetas do Antigo Testamento. Pelo menos 250 referências textuais e outras tantas alusões entrelaçam harmonicamente as duas porções das Sagradas Escrituras. Isaías, Oseias, Salmos, Habacuque, Levítico, etc. aparecem frequentemente nos escritos de Paulo. Não é exagero afirmar que as epístolas estão saturadas do espírito e pensamento e, às vezes, das palavras do Antigo Testamento. Os Testamentos não foram revelações independentes, e não se pode descartar um sem debilitar o outro.

4. Apresentam unidade doutrinária em seus conteúdos
Em todos os autores das epístolas encontramos o mesmo tema recorrente: Cristo, como Salvador do ser humano, em outras palavras, a salvação mediante Jesus Cristo. Eles apresentam o bendito efeito da morte expiatória de Cristo e Sua ressurreição triunfante.

Descrevem também a origem da igreja, sua unidade, suas relações, sua condição, deveres e destino. Desvendam o fato assombroso de que os crentes são chamados à imortalidade no glorioso destino que lhes espera quando terminar a história de pecado neste mundo.
Acima de tudo, não são revelações independentes. Estão na mais estreita relação com as anteriores revelações inspiradas.

5. São Didáticas
Destinadas a “ensinar... redarguir... corrigir... instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito, inteiramente instruído para toda boa obra” (2Tm 3:16, 17).


Estilos, vocabulário e construções gramaticais diferem entre si, denotando as modalidades individuais. Porém, a doutrina se mantém invariável. Unidade na variedade tem sido sempre o método de trabalho Divino e há de ser visto também nos instrumentos de Deus.

6. São similares em sua apresentação
As epístolas têm início com uma introdução ou preâmbulo, na qual aparece o nome do autor e seus companheiros (embora nem sempre), e os daqueles a quem se dirigiram, geralmente em forma global.

Segue-se o corpo doutrinário, onde a verdade que se quer ensinar é apresentada e ilustrada.

Terminam com uma conclusão característica; algumas vezes com notícias pessoais, outras com recomendações em favor do portador, saudações e uma bênção final.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

INTRODUÇAO GERAL AO ESTUDO DAS EPÍSTOLAS

1ª Lição.
Introdução:
As 21 epístolas do NT foram escritas por cinco autores; o mais prolífero deles e o que nos interessa neste estudo, é o apóstolo Paulo. De sua pena procedem 14 cartas, dois terços do total. Elas contêm a essência doutrinal do cristianismo, daí a importância de seu estudo. A igreja cristã não pode prescindir de nenhuma delas.

CARACTERÍSTICAS DISTINTIVAS DAS EPÍSTOLAS
1. Existe uma harmonia essencial entre as epístolas e os livros históricos do Novo Testamento.
Os ensinos de Jesus, registados nos evangelhos, e as pregações apostólicas, conservadas em Atos dos Apóstolos, constituem as sementes doutrinárias, que se enraízam, crescem e frutificam nas epístolas. Uma única Mente, divina e infinita, moveu os autores do Novo Testamento. As epístolas não apenas apresentam uma complementação maravilhosa, mas a ausência de contradições. Elas falam de uma mesma fonte de Inspiração: “homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2Pe 1:21).

2. A Sua forma de redação é epistolar
Enquanto os profetas do Antigo Testamento entregavam as suas mensagens em forma de oráculos, cheios de advertências acerca dos juízos de Deus, os apóstolos recorreram ao género epistolar, ou seja, cartas compostas conforme o estilo da época. Talvez fosse esse o estilo que melhor se prestava para ensinar, corrigir problemas concretos, expressar sentimentos e elaborar planos de ação. Os autores estavam conscientes da forma com que escreviam.
Os discursos registados em Atos dos Apóstolos, com poucas excepções, foram dirigidos a pessoas não cristãs. Por outro lado, as epístolas são enviadas a cristãos, seja a igrejas organizadas ou mensageiros da Palavra.
Ao escrever as cartas, os apóstolos expressavam a plenitude das suas explicações e podiam extravasar-se em sentimentos próprios do género epistolar.
Os tratados sistemáticos, como os que escreveram os retóricos e filósofos dessa época, não teriam conseguido fazer a obra que realizaram as cartas familiares e flexíveis. Nelas os apóstolos não trataram de itens imaginários, mas casos reais, erros ou tendências como os que surgiram nas igrejas.
Os apóstolos escreveram acerca de incompreensões e perversões da verdade, dificuldades que surgiram no trato com os pagãos, abusos que se efectuavam no culto e nas práticas da vida, questões e tendências da mente humana que haviam de se apresentar na igreja de Deus, e muito mais.

3. Estão intimamente relacionadas com o Antigo Testamento
São abundantes no conteúdo das epístolas, citações e expressões dos profetas do AT. Pelo menos duzentas e cinquenta referências textuais e outras tantas alusões entrelaçam harmonicamente as duas porções das Sagradas Escrituras. Isaías, Oseias, Salmos, Habacuque, Levítico, etc., aparecem frequentemente nos escritos de Paulo. Não é exagero afirmar que as epístolas estão saturadas do espírito e pensamento e às vezes das palavras do AT. Os Testamentos não foram revelações independentes e não se pode descartar um sem debilitar o outro.

4. Apresentam unidade doutrinária em seus conteúdos
Em todos os autores das epístolas encontramos um mesmo tema recorrente: Cristo como Salvador do homem, ou, em outras palavras, a salvação mediante Jesus Cristo. Revelam o bendito efeito da morte expiatória de Cristo e Sua ressurreição triunfante.
Descrevem também a origem da igreja, sua unidade, suas relações, sua condição, deveres e destino. Desvendam o fato assombroso de que os cristãos são chamados à imortalidade no glorioso destino que lhes espera quando terminar a história de pecado neste mundo.
Acima de tudo, não são revelações independentes. Estão na mais estreita relação com as revelações inspiradas anteriores.

5. São Didácticas
Destinadas a “ensinar... redarguir... corrigir... instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito, perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2Tm 3:16, 17, RC).
Os estilos, vocabulários e construções gramaticais diferem entre si, denotando as modalidades individuais, porém a doutrina se mantém invariável. Unidade na variedade tem sido sempre o método do trabalho divino e há-de ser visto também enos mensageiros.

6. São similares na apresentação
Têm início com uma introdução ou preâmbulo, em que aparece o nome do autor, seus companheiros (embora nem sempre), e os daqueles a quem se dirigem geralmente em forma global.
Segue-se o corpo doutrinal, onde a verdade que se quer ensinar é apresentada e ilustrada.
Terminam com uma conclusão característica. Algumas vezes com notícias pessoais, outras com recomendações em favor do portador, saudações e uma bênção final.

LIÇÃO 1 – O Evangelho chega a Tessalónica

A SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO

Inicialmente, vamos relembrar, de forma rápida, o itinerário de Paulo na sua segunda viagem missionária e a entrada do evangelho na Europa. Observe que os labores do apóstolo na Ásia Menor são reduzidos, porque o Espírito Santo o impulsionou para a Europa, cenário das maiores realizações evangélicas de sua segunda viagem (anos 49 a 52).

1. Partida - Atos 15:36-41
No mesmo ano do Concílio de Jerusalém (49 d.C.), Paulo e Barnabé, decidiram visitar as igrejas que haviam constituído cerca de quatro anos antes, em Chipre, Panfília, Pisídia e região da Galácia.

Paulo não aceitou a proposta de Barnabé para levar com eles o jovem João Marcos. A discussão foi acalorada a ponto de se separarem. Barnabé viajou para Chipre com seu sobrinho e Paulo, acompanhado por Silas, atravessou a Síria e Cilícia. Este distanciamento dos dois grandes evangelistas foi transitório. Posteriormente, Paulo mudou seu conceito acerca de João Marcos (veja Cl 4:10; 2Tm 4:11).

2. Itinerário até Tróade - Atos 16:1-10
O trajeto para Derbe foi bastante difícil. Deveriam iniciar a travessia dos montes Tauros pelas “portas da Cilícia”. Transpostos esses montes, seguiram pela vasta planície da Licaonia, provavelmente inundada nessa época do ano (aceita-se que tenha sido na primavera de 49), e transformada em um grande pântano. Não menos de 10 dias eles devem ter gasto na viagem entre Tarso e Derbe.
Em Listra, Paulo voltou a se encontrar com Timóteo, que decidiu dedicar-se ao ministério.

3. Outras localidades visitadas:
a. Frígia – uma região não bem definida na Ásia Menor Ocidental, de limites mais raciais que políticos. As cidades de Colossos e Laodiceia, sobre o rio Lico, formavam parte da Frígia.

b. Galácia – originalmente uma região pequena ocupada por gauleses vindos da Europa no século III a.C. Mais tarde, teve seus limites ampliados ao unir-se a Roma, e se tornar, finalmente, uma província romana (25 a.C.). É provável que, nessa visita, Paulo tenha padecido da enfermidade mencionada em Gálatas 4:13-15 (talvez uma infecção ocular).

c. Ásia – era uma província romana, com capital em Éfeso. O Espírito Santo não permitiu que pregassem ali. Tampouco em Mísia (região no extremo noroeste da Ásia Menor nas margens do estreito de Dardanelos). A intenção dos pregadores era visitar a Bitínia (província situada no litoral sul do Mar Negro, incluía cidades como Niceia e Nicomédia), no que também foram impedidos pelo “Espírito de Jesus”.

d. Assim, chegaram ao porto de Tróade (v. 8), colónia romana, cidade livre e porto da Mísia, no mar Egeu, frente à Europa. Ali Paulo teve a visão do jovem macedónio, que o chamava imperativamente à Macedónia.

A partir de Atos 16:10, Lucas se une ao grupo, como indica o uso da primeira pessoa do plural empregada até à chegada a Filipos.
É claro que, naquela época, não havia uma linha separando a Ásia da Europa. Os missionários que navegavam pelo norte do mar Egeu só tinham consciência de estar viajando de uma província para outra, e não de um continente para outro, já que ambos os lados do mar Egeu pertenciam ao Império Romano. Campbell Morgan afirma: “A invasão da Europa certamente não estava na mente de Paulo, mas, evidentemente, estava na mente do Espírito.” A evangelização da Europa começou quando Paulo pisou na terra que hoje é a faixa longa e estreita do nordeste da Grécia.


OS PREGADORES PAGAM UM PREÇO

1. A obra em Filipos – Atos 16:12-40

Durante a navegação de Trôade a Neápolis não houve inconvenientes. Os 230 quilómetros que separam ambas as povoações foram percorridos em dois dias, passando pela ilha de Samotrácia, no Egeu (mar que separa a Grécia da Ásia Menor) mais ou menos na metade do caminho.

Neápolis, localizada na Trácia, era porto de Filipos, devido a sua proximidade (15 km). Filipos não era a capital da Macedónia, porém, uma povoação de importância. Antigamente, chamava-se Krenides (lugar de pequenos mananciais), porém tomou seu nome depois da reconstrução realizada por Filipe II, no século IV a.C. Mais tarde, foi transformada em colónia romana e teve seus direitos ampliados, transformando-se em verdadeira extensão da cultura imperial romana.
Em Filipos, iniciaram-se os labores evangelísticos do apóstolo Paulo na Europa.

2. Incidentes que mais se destacam do trabalho em Filipos:

a. A conversão de Lídia, mulher de Tiatira, que se dedicava ao comércio de púrpura, provavelmente viúva. Ela aceitou o evangelho, e com ela, sua família. Sua casa se abriu para receber os mensageiros do Senhor, embora pareça não ter sido fácil convencê-los, a julgar pela expressão de Atos 16:15: “... nos constrangeu a isso”.

b. Uma escrava possessa. Literalmente, ela possuía “um espírito de píton”. Uma referência à serpente da mitologia que vigiava o templo de Apolo e o oráculo de Delfos. Por meio da adivinhação, essa pitonisa propiciava lucro e alimentava a ganância de seus senhores. Foi utilizada por Satanás para estorvar o trabalho da equipe evangelística. Por vários dias, ela os acompanhou gritando: “Estes homens são servos do Deus Altíssimo” (At 16:17). Talvez o motivo final fosse lançar descrédito sobre o evangelho, associando-o ao ocultismo na mente das pessoas.

Finalmente, Paulo, perturbado por essa cotidiana interferência, ordenou ao espírito que a abandonasse.
c. Encarceramento dos discípulos. F. F. Bruce comenta: “Quando Paulo exorcizou o espírito que a possuía, exorcizou também a fonte de renda deles.” Os exploradores da jovem adivinha promoveram habilmente um tumulto de grandes proporções. Levaram Paulo e Silas ao fórum e, diante de uma multidão agitada e de juízes desorientados, foram acusados. Os juízes decidiram atuar com presteza deixando de lado as instâncias correspondentes a um processo judicial. Rasgaram as roupas dos pregadores, que foram açoitados barbaramente e lançados numa cela interior, presos ao cepo, com recomendações de total vigilância por parte do carcereiro.

“Os pregadores pagam um preço.”

d. A libertação. A partir de então, os acontecimentos se sucederam rapidamente. Os juízes que haviam retornado a suas casas, felicitando-se pela grande capacidade de dissolver os distúrbios, logo se viram confrontados com evidências tais, que compreenderam a injustiça que haviam cometido.

A atitude de Paulo e Silas em sua dolorosa situação impressionou completamente o carcereiro e os demais presos. Ellen G. White afirma: “Todo o Céu estava interessado nos homens que estavam sofrendo por amor a Cristo, e anjos foram enviados a visitar o cárcere. Aos seus passos a Terra tremeu. As pesadas portas do cárcere se abriram de par em par; as cadeias e grilhões caíram das mãos e pés dos presos, e uma brilhante luz inundou a prisão” (Atos dos Apóstolos, 215).

e. Fatos posteriores. O carcereiro, recuperado das fortes emoções que o haviam transtornado e quase o levaram ao suicídio, “com profunda humildade pediu que lhe mostrassem o caminho da vida [...]. Uma influência santificadora se difundiu entre os presos e todos estavam dispostos a escutar as verdades expostas pelos apóstolos” (Atos dos Apóstolos, 217).

Os líderes da cidade receberam as informações já bem cedo, naquela manhã, e decidiram libertar de imediato os presos. Porém, “Paulo e Silas haviam sido encarcerados publicamente e se negaram a ser postos em liberdade secretamente, sem a devida explicação por parte dos magistrados”. Estes, profundamente alarmados, sobretudo ao serem informados de que os presos eram cidadãos romanos, dirigiram-se pessoalmente ao cárcere, apresentaram suas desculpas e rogaram que Paulo e Silas saíssem da cidade. Feitos os arranjos necessários, os apóstolos concordaram. Despedindo-se dos irmãos, partiram.


Apesar de maltratados e ultrajados em Filipos, Paulo e Silas receberam a força do Senhor para pregar o evangelho em Tessalónica. Calvino se referiu à “invencível coragem mental e perseverança infatigável da cruz.”

A ESTRATÉGIA DE PREGAÇÃO DE PAULO
Paulo, o missionário, tinha como estratégia proclamar a mensagem nos grandes centros, fazer uso das sinagogas, usar as profecias do Antigo Testamento como base de sua abordagem, tentando mostrar aos ouvintes uma nova imagem do Messias. O emprego dessa estratégia fica tão evidente em Tessalónica como em qualquer outra parte.

“Por três sábados consecutivos, Paulo pregou aos tessalonicenses, arrazoando com eles sobre as Escrituras, a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Mostrou-lhes que a expectativa dos judeus relacionada com o Messias não estava de acordo com a profecia, pois essa anunciava um Salvador vindo em humildade e pobreza, e que seria rejeitado, desprezado e morto” (Ellen G. White, Redemption: or the Teachings of Paul and His Mission to the Gentiles [Redenção: ou os Ensinos de Paulo e Sua Missão aos Gentios], p. 44).


As Duas Visões do Messias.
Escreve o Dr. Raoul Dederen: “Duas linhas de predições dizem como seria a vinda do Filho: Ele devia vir como Salvador do pecado, conforme prefigurado nos sacrifícios do AT (Gn 4:3, 4; Lv 1:3-9), anunciado pelos profetas (Is 52:13, 14; 53:3-6; Dn 9:26), e como Rei de Seu reino (Sl 2; Jr 23:5, 6). A ideia de servo desempenha papel importante na compreensão do NT sobre a obra e a missão de Jesus. Essa ideia vem diretamente de quatro canções de Isaías conhecidas como “canções do servo” (Is 42:1-4; 49:1-6; 50:4-9; 52:13–53:12). Jesus fez uma citação direta de Isaías 53:12, atestando a Sua consciência de que a figura veterotestamentária do servo estava a cumpri-se nEle (Lc 22:37)” (Tratado Teológico Adventista, p. 191).

Outro profeta, Jeremias fala de um “Renovo Justo”. Mesmo que a “árvore” da família de Davi tivesse sido cortada, um “renovo” cresceria e se tornaria o Rei da nação. Esse rei seria reto e governaria com justiça. O nome dele é “Jeová Tsidkenu” – “Senhor, Justiça nossa”. Esse nome exaltado aplica-se somente a Jesus Cristo (2Co 5:21). Quando depositamos a nossa fé em Cristo, a justiça d´Ele nos é imputada (contrário de amputada), e somos declarados justos diante de Deus. É nisso que consiste ser “justificado pela fé” (Rm 3:21–5:11; Wiersbe, v. 4, 141).

SOFRIMENTO ANTES DA GLÓRIA
Em determinado momento de Seu ministério, Jesus começou a combinar dois conceitos bíblicos, aparentemente incompatíveis: o Filho do Homem exaltado e majestoso de Daniel 7:13 e o Servo sofredor de Isaías 53. Quando Cristo afirmou que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate...” (Mc 10:45), os judeus que esperavam um Messias político se decepcionaram. Não entenderam corretamente o alcance dessas profecias. Insistiram em permanecer com a expectativa e o foco na chegada de um Messias guerreiro, libertador. Esse líder político-militar deveria libertá-los do jugo romano. Várias vezes quiseram alçar Jesus ao poder, como líder guerreiro, contra Roma. Tudo porque desprezaram o aspecto sofredor do Servo de Deus, como anunciado nas profecias do AT.

Por outro lado, para Cristo o verdadeiro significado de “servir”, era “dar a Sua vida em resgate”. Toda a missão do Salvador está contida nessas palavras. Em realidade, Jesus estava dizendo que o Filho do Homem, antes devia vir como Servo. Ele uniu em Sua Pessoa os dois grupos de profecias messiânicas. O “Filho do Homem” nesse momento era o Servo. Nenhum Rabi jamais fez isso. Aqui está o gênio de Jesus Cristo. Ele compreendeu muito bem toda a Sua missão presente de sofredor, sem negar Sua missão futura de Juiz, exaltado e glorioso.

Paulo entendeu de maneira clara essa verdade bíblica e a expôs poderosamente em sua abordagem aos tessalonicenses. A matéria apresentada nas lições de terça e quarta é bastante esclarecedora. Trata do fato de que o Messias deveria vir como “Servo sofredor, Homem de dores” (Is 53) antes de Se manifestar em glória. Isaías 53 foi a chave para o papel do Messias. Paulo se empenhava em anunciar Jesus. Ele identificou o Jesus da história com o Cristo das Escrituras.

A interpretação messiânica de Isaías 53 teve o apoio dos rabinos até o século XII. Depois disso, estudiosos judeus começaram a interpretar a passagem como uma descrição dos sofrimentos de Israel como nação. Porém, como Israel poderia ter morrido por seus próprios pecados (v. 8)? Israel nunca foi inocente de pecado, e dessa forma, jamais poderia ser condenado injustamente (v. 9). O profeta escreveu sobre um indivíduo inocente, não sobre uma nação culpada. Deixou bem claro que esse inocente morreu pelo pecado para que os culpados pudessem ser libertos.

O Servo que Isaías descreve é o Messias. O Novo Testamento, que apresenta mais citações ou alusões a Isaías 53 do que a qualquer outro capítulo do Antigo Testamento, afirma que esse Messias-Servo é Jesus de Nazaré, o Filho de Deus (Wiersbe).

Este magnífico cântico de quinze versículos, divididos em cinco estrofes de três versos, é a “Canção do Servo”. Cada uma dessas estrofes revela uma importante verdade sobre o Servo e sobre o que Ele fez por nós. Escreveu o estudioso do Antigo Testamento, Dr. Kyle Yates: “Essas cinco estrofes incomparáveis são o Monte Everest da profecia messiânica”. Assim como essa montanha, Isaías 53 se destaca pela beleza e grandiosidade das suas palavras, e tudo porque revela Jesus Cristo e leva-nos ao Calvário, o Everest de nossa salvação.

Nasce uma Igreja
Os que têm hoje a desafiadora missão de plantar igrejas devem aprender com o apóstolo dos gentios estratégias para isso. A maioria dos convertidos em Tessalónica deve ter sido de gentios, até mesmo idólatras pagãos. Mesmo assim, Lucas se concentra em sua missão aos judeus, que durou apenas três semanas. Alguns deles, talvez, tivessem deixado suas sinagogas para se juntarem a uma igreja cristã. Lucas descreve as diversas respostas ao ministério de Paulo. Muitos creram, pois seu evangelho “chegou em poder”. Os convertidos afluíam de quatro seções da comunidade: judeus, gregos, tementes a Deus e mulheres distintas. Entre eles estavam Aristarco e Secundo, que mais tarde se tornaram companheiros de viagem de Paulo, e até, no caso de Aristarco, seu companheiro na prisão (At 20:4; 27:2).

Paulo era mais que apenas um pastor. Era pioneiro, sempre com os olhos em novos campos a conquistar. Como plantador de igrejas, Paulo estava disposto a deixar para outros a tarefa de regá-las (1Co 3:6). Estava muito mais interessado em desbravar novos territórios (Rm 15:20).

Foi através desses homens singularmente qualificados, que Jesus continuou a realizar Sua obra e ensinar, para estabelecimento da igreja cristã no primeiro século. Hoje, igualmente, Ele necessita de homens e mulheres semelhantes para o término da evangelização do mundo no século 21.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

3º Trimestre/2012 – Epístolas aos Tessalonicenses

Lição 1
30 de junho a 7 de julho

O Evangelho chega a Tessalónica
Sábado à tarde

VERSO PARA MEMORIZAR: “Também agradecemos a Deus sem cessar, pois, ao receberem de nossa parte a Palavra de Deus, vocês a aceitaram não como palavra de homens, mas segundo verdadeiramente é, como Palavra de Deus, que atua com eficácia em vocês, os que crêem” (1Ts 2:13, NVI).

Leituras da semana: At 16:9-40; 17:1-4, 12; Jr 23:1-6; Is 9:1-7; Is 53; Rm 1:16

Pensamento-chave: A certeza das promessas de Deus deve estar apoiada na confiança nas Sagradas Escrituras.

O jovem pastor auxiliar sentou-se do lado de fora da igreja com uma jovem senhora que tinha acabado de ser batizada. Para sua surpresa, ela disse: “Preciso ser batizada de novo.”

Quando o pastor perguntou por que desejava fazer isso, ela respondeu: “Há coisas que eu não disse ao pastor distrital sobre o meu passado.”

Assim começou uma longa conversa sobre o perdão oferecido por Cristo. Ela prestou atenção de modo ávido. Quando o pastor terminou de orar com ela, uma forte chuva de repente encharcou os dois. Com os olhos brilhando, a jovem disse: “Estou sendo batizada novamente!”

Um Deus bondoso, muitas vezes, oferece sinais vivos, como essa chuva inesperada, para assegurar aos cristãos que eles estão justificados diante dEle. Mas nossa confiança em Deus será alicerçada ainda mais solidamente quando estiver fundamentada no claro ensino de Sua Palavra. Nesta lição veremos que o cumprimento da profecia proveu firme segurança para os novos cristãos em Tessalónica.
Domingo

Os pregadores pagam um preço
1. Por que os filipenses reagiram de modo tão negativo ao evangelho? Que lição aprendemos com essa reação e que precauções devemos adoptar diante desse risco? De que outras formas esse princípio pode se manifestar, mesmo na vida dos cristãos? At 16:9-40

O evangelho é a boa notícia das ações poderosas de Deus em Cristo que levam ao perdão, aceitação e transformação (Rm 1:16, 17). Por meio do pecado, o mundo inteiro foi condenado; por intermédio da morte e ressurreição de Jesus, todo o mundo recebeu uma nova oportunidade de ter a vida eterna que Deus originalmente desejou para toda a humanidade. A poderosa obra de Deus foi realizada por nós sendo nós ainda pecadores (Rm 5:8). Essa obra de redenção foi efetuada fora de nós, por Jesus, e a ela nada podemos acrescentar. No entanto, o evangelho se torna real em nossa vida unicamente quando aceitamos não apenas sua condenação de nossos pecados, mas o divino perdão desses pecados por meio de Jesus.

Sendo que o evangelho é uma notícia tão boa, e é gratuito, por que alguém iria resistir-lhe ou lutar contra ele? A resposta é simples: aceitar o evangelho exige que deixemos de confiar em nós mesmos e nas coisas materiais, como dinheiro, poder e atração sexual. Essas coisas são boas quando submetidas à vontade e aos caminhos de Deus. Mas quando as pessoas se apegam a essas questões triviais que substituem a segurança do evangelho, sua mensagem e os que a proclamam se tornam uma ameaça.

Leia 1 Tessalonicenses 2: 1, 2. Paulo e Silas entraram em Tessalônica sofrendo, carregando no corpo as feridas e hematomas resultantes da violenta surra que receberam e da prisão em Filipos (At 16:22-24). Porém, sinais do grande poder de Deus (At 16:26, 30, 36) os haviam encorajado. Eles entraram ousadamente na sinagoga de Tessalônica, apesar da dor que sentiam, e falaram novamente do Messias que havia mudado a vida deles e os enviara em uma missão de pregar as boas-novas em lugares em que não tinham sido ouvidas antes.

Se não formos cuidadosos, que coisas do mundo podem nos afastar do Senhor? Por que é tão importante manter a cruz e seu significado sempre no centro de nossos pensamentos, especialmente quando a atração do mundo parece mais forte?

Segunda-feira

A estratégia de pregação de Paulo

2. Quais foram os passos estratégicos seguidos por Paulo ao trabalhar em Tessalônica? At 17:1-3

Embora 1 Tessalonicenses estivesse entre as primeiras cartas de Paulo, tanto sua teologia quanto sua estratégia missionária estavam bem desenvolvidas no tempo em que ele chegou a Tessalónica.

O primeiro passo na estratégia missionária de Paulo era frequentar a sinagoga local aos sábados. Naturalmente, o sábado era um bom momento para alcançar grande número de judeus. No entanto, estava funcionando ali mais do que apenas uma estratégia missionária. Paulo teria tomado tempo para oração e adoração no sábado, mesmo que nenhum judeu nem alguma sinagoga estivessem disponíveis (At 16:13).
Naqueles dias, era comum que os judeus convidassem os visitantes para falar na sinagoga, especialmente se eles tivessem vivido em Jerusalém, como havia sido o caso de Paulo e Silas. A congregação era ávida para ouvir notícias da vida judaica em outros lugares. Eles também se interessavam por novas ideias que os visitantes tivessem descoberto em seus estudos das Escrituras. Assim, a estratégia de Paulo se ajustava ao ambiente da sinagoga.

O segundo passo na estratégia de Paulo era pregar diretamente das Escrituras que eles conheciam, o Antigo Testamento. Ele também começava com um tópico de grande interesse para os judeus daquela época: o Messias (“o Cristo” é o equivalente grego de “Messias” em hebraico; At 17:3). Utilizando textos do Antigo Testamento, Paulo demonstrava que o Messias teria que sofrer antes de obter a glória com que os judeus estavam familiarizados. Em outras palavras, a versão popular e gloriosa da missão do Messias era apenas uma parte do quadro. Quando o Messias aparecesse pela primeira vez, Ele seria um Servo sofredor e não um conquistador real.
Em terceiro lugar, tendo estabelecido uma nova imagem do Messias em sua mente, Paulo passava a contar a história de Jesus. Ele explicava como a vida de Jesus correspondia ao padrão da profecia bíblica que ele tinha acabado de compartilhar com eles. Sem dúvida, ele acrescentava histórias sobre suas próprias dúvidas e oposição anteriores, e também falava do poder convincente de seu encontro pessoal com o Cristo exaltado. De acordo com Lucas 24:25-27, 44-46, a estratégia de pregação de Paulo em Tessalónica seguiu o mesmo padrão que Jesus havia usado com Seus discípulos depois da ressurreição.

Observe que Paulo procurava alcançar as pessoas onde elas estavam e usava aquilo com que elas estavam familiarizadas. Por que essa estratégia é tão importante? Pense naqueles que você deseja alcançar. Como você pode aprender a começar onde eles estão e não onde você está?

Terça-feira
Duas visões do Messias

Desde os tempos antigos, os leitores do Antigo Testamento têm notado uma variedade de perspectivas nas profecias que apontam para o Messias. Muitos judeus e os primeiros cristãos identificaram duas grandes vertentes nas profecias messiânicas. Por um lado, havia textos que apontavam para um Messias majestoso: um rei conquistador que traria justiça ao povo e estenderia o domínio de Israel até os confins da Terra. Por outro lado, havia textos que sugeriam que o Messias seria um Servo sofredor, humilhado e rejeitado. O erro de muitos estava em não entender que todos esses textos se referiam à mesma pessoa, em diferentes aspectos da Sua obra, em momentos diferentes.

3. Que características teria o futuro libertador? Existe algum tipo de “conflito” entre as imagens apresentadas? Jr 23:1-6; Is 9:1-7; 53:1-6; Zc 9:9
Antes da vinda do Messias, esses textos eram intrigantes. Por um lado, os textos messiânicos com ênfase na realeza normalmente não continham indício de sofrimento ou humilhação. Por outro lado, os textos com ênfase no Servo sofredor geralmente descreviam o Messias como tendo pouco poder ou autoridade terrena. Uma forma pela qual os judeus da época de Jesus resolviam esse problema era ver o Servo sofredor como símbolo de toda a nação e seus sofrimentos no decorrer do exílio e da ocupação. Removendo esses textos da equação messiânica, muitos judeus esperavam o Messias real ou conquistador. A exemplo de Davi, esse rei expulsaria os ocupantes e restauraria o lugar de Israel entre as nações.

Evidentemente, o grande problema de remover da equação os textos sobre o Servo sofredor é que há, de fato, passagens significativas do Antigo Testamento que misturam as duas principais características do Messias. Elas descrevem a mesma pessoa. O que é menos claro, à primeira vista, é se essas características ocorrem ao mesmo tempo ou uma após a outra.

De acordo com Atos 17:2, 3, Paulo conduziu os judeus de Tessalônica através desses textos messiânicos do Antigo Testamento e, ao mesmo tempo, examinou seu significado.
Nos tempos antigos, os judeus estavam confusos sobre a primeira vinda do Messias. Hoje, encontramos muita confusão sobre a segunda vinda. O que isso deve nos dizer sobre a necessidade de realmente procurar compreender a verdade da Bíblia? Por que a falsa doutrina pode ser tão problemática?

Quarta-feira
Sofrimento antes da glória
Jesus, assim como Paulo, estudava o Antigo Testamento e chegou à conclusão de que o Messias “devia” “sofrer estas coisas, para entrar na Sua glória” (Lc 24:26, NVI). “Devia”, em Lucas 24:26, traduz a mesma palavra de Atos 17:3, em que Paulo diz que o Messias “deveria sofrer” (NVI). Para Jesus e Paulo, a ideia do sofrimento antecedendo a glória foi incluída nas profecias muito antes que elas ocorressem. A questão é: com que base do Antigo Testamento eles chegaram a essa conclusão?

Eles provavelmente tivessem notado que os personagens mais importantes do Antigo Testamento tiveram um longo período de sofrimento antes de entrar no período glorioso de sua vida. José passou cerca de treze anos na prisão antes de assumir o cargo de primeiro ministro do Egito. Moisés passou 40 anos guiando ovelhas pelo deserto antes de desempenhar sua função como o poderoso líder do Êxodo. Davi passou muitos anos como fugitivo, parte desse tempo em terras estrangeiras, antes de ser elevado à realeza. Daniel foi prisioneiro de guerra, e foi até mesmo condenado à morte, antes de ser elevado à posição de primeiro ministro da Babilónia. Na história desses servos de Deus do Antigo Testamento há prenúncios do Messias, que também sofreria e seria humilhado, antes de ser elevado à Sua plena função real.
O ponto culminante dessa convicção do Novo Testamento é o texto do Antigo Testamento mais citado no Novo Testamento: Isaías 53. O Servo sofredor de Isaías era um homem de dores, desprezado e rejeitado (Is 53:2-4). Como um cordeiro do santuário, Ele seria abatido por causa dos nossos pecados (Is 53:5-7), de acordo com a vontade do Senhor (Is 53:8-10). Mas “depois do sofrimento de Sua alma” (Is 53:11, NVI), Ele justificaria muitos e receberia uma herança poderosa (Is 53:12).
Para os escritores do Novo Testamento, Isaías 53 foi a chave para o papel do Messias. Paulo certamente pregou sobre esse texto em Tessalónica. De acordo com Isaías 53, o Messias não pareceria majestoso nem poderoso no momento da Sua primeira manifestação. Na verdade, Ele seria rejeitado por muitos de Seu próprio povo. Mas essa rejeição seria o prelúdio para a manifestação do Messias glorioso da esperança judaica. Com isso em mente, Paulo foi capaz de mostrar que o Jesus que ele havia conhecido era, de fato, o Messias que o Antigo Testamento tinha predito.
4. Com espírito de oração, leia Isaías 53. Que símbolos indicam que Jesus sofreria antes de Sua glória? O que Ele sofreu para que você tivesse a vida eterna? À luz desse amor divino, em que posição Cristo deve estar em nossa vida?

Quinta-feira

Nasce uma igreja

5. Que classes de pessoas formaram o núcleo da igreja de Tessalónica? At 17:1-4, 12

Uma parte da estratégia missionária de Paulo era levar a mensagem primeiramente ao judeu e também ao grego (Rm 1:16). Durante o ministério de Paulo, os judeus regularmente recebiam a primeira oportunidade de ouvir e aceitar o evangelho. E o fato é que, de acordo com a Bíblia, na época de Paulo, muitos judeus aceitaram Jesus como o Messias. Mais tarde, quando a igreja começou a apostatar e rejeitar a lei, especialmente o sábado, tornou-se cada vez mais difícil para os judeus aceitar Jesus como o Messias, porque, afinal, que Messias anularia a lei, especialmente o sábado?

Como o texto mostra, alguns dos judeus de Tessalónica foram persuadidos pela exposição que Paulo fez dos textos messiânicos relacionados à história de Jesus. Um deles, Aristarco, foi mais tarde um colaborador de Paulo e, em certo momento, até companheiro de prisão (Cl 4:10, 11; At 20:4). Outro, Jasão, era aparentemente rico o suficiente para abrigar a igreja em sua casa, depois que os cristãos já não eram bem-vindos na sinagoga. Ele também proveu pelo menos uma parte da fiança necessária para evitar a prisão de Paulo (At 17:4-9).

Os “gregos tementes a Deus” (At 17:4, NVI) são geralmente identificados com os gentios que ficavam encantados com o judaísmo, frequentavam a sinagoga, mas não se convertiam. Esse era um fenómeno generalizado nos dias de Paulo. Esses gentios se tornaram uma ponte natural para que Paulo alcançasse os gentios que não tinham nenhum conhecimento do judaísmo nem do Antigo Testamento.
A característica judaica, e relativamente rica, da igreja de Tessalónica em seu início, é enfatizada em Atos 17 (como no verso 12), em que preeminentes gregos também se tornaram crentes. Contudo, é claro que, no tempo em que foi escrita a primeira carta aos Tessalonicenses, a igreja para a qual Paulo estava escrevendo era, em grande parte, composta de gentios (1Ts 1:9) das classes trabalhadoras (1Ts 4:11).

O que podemos ver aqui é o caráter universal do evangelho, o fato de que ele se destina a todos os povos, classes e raças; para ricos ou pobres, gregos ou judeus, porque a morte de Cristo beneficiou o mundo inteiro. É por isso que a mensagem adventista do sétimo dia é para todo o mundo (Ap 14:6), sem excepções fundamentadas em etnia, nacionalidade, classe social ou situação económica. É muito importante manter essa missão sempre diante de nós. Assim também é importante que não nos tornemos isolados, absortos em nossos próprios pensamentos e mais interessados em manter o que temos do que em avançar para além dos limites confortáveis que, talvez até inconscientemente, estabelecemos para nós mesmos.

Sexta-feira

Estudo adicional
Desde os dias de Paulo até o presente, Deus, pelo Seu Espírito Santo, tem estado a chamar tanto judeus como gentios. “Para com Deus não há acepção de pessoas” (Rm 2:11), declarou Paulo. O apóstolo se considerava devedor “tanto a gregos como a bárbaros” (Rm 1:14), bem como a judeus; mas jamais ele perdeu de vista as decididas vantagens que os judeus haviam possuído sobre outros, “primeiramente”, porque “as palavras de Deus lhe[s] foram confiadas” (Rm 3:2, RC). Declarou ele: “O evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Rm 1:16; Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 380).

“Paulo recorreu às profecias do Antigo Testamento... Pelo inspirado testemunho de Moisés e dos profetas, provou cabalmente que Jesus de Nazaré era o Messias, e demonstrou que, desde os dias de Adão, foi a voz de Cristo que falara por intermédio dos patriarcas e profetas” (Ibid, p. 222; veja a extensa quantidade de textos do Antigo Testamento que seguem nas páginas 222-229).

“Na proclamação final do evangelho, quando deve ser feito um trabalho especial pelas classes de pessoas até aqui negligenciadas, Deus espera que Seus mensageiros tomem interesse especial pelo povo judeu, o qual eles encontram em todas as partes da Terra... Ao verem o Cristo da dispensação evangélica retratado nas páginas das Escrituras do Antigo Testamento, e perceberem a clareza com que o Novo Testamento explica o Antigo, suas adormecidas faculdades despertarão e eles reconhecerão Cristo como o Salvador do mundo. Muitos receberão Cristo pela fé como seu redentor” (Ibid. p. 381).

Perguntas para reflexão

1. Paulo abordava os judeus de sua época com base nas profecias messiânicas do Antigo Testamento. Até que ponto essa abordagem é proveitosa hoje com os judeus, especialmente os judeus seculares que podem até não estar familiarizados com as profecias do Antigo Testamento?
2. Como as profecias da Bíblia podem ser apresentadas para influenciar seus amigos e vizinhos de maneira mais eficaz? Por exemplo, como Daniel 2 poderia ajudar alguém de perspectiva secular ou não bíblica a confiar na Bíblia?

Resumo:
Uma série de pontos importantes foram estudados nesta primeira semana. Acima de tudo, devemos lembrar a importância que a Palavra de Deus tem na nossa vida, na nossa missão e no nosso testemunho.

Respostas sugestivas: 1: Porque uma jovem foi libertada de um espírito de adivinhação, o que prejudicou os interesses financeiros de algumas pessoas. Devemos estar preparados para a perseguição, mas não devemos provocá-la. 2: Paulo começou pregando aos judeus na sinagoga, aos sábados. Com base nas Escrituras, ele demostrou a necessidade do sofrimento e ressurreição de Cristo. 3: Seria pastor das ovelhas, descendente de Davi, sábio e justo, salvador glorioso e rei humilde; sofreria em lugar dos pecadores. 4: Renovo; raiz de uma terra seca; cordeiro; ovelha muda sacrificada em lugar dos transgressores. Jesus deve ser o primeiro em nossa vida. 5: Judeus convertidos, gregos piedosos e mulheres de alta posição.